23 de April de 2025
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Seguro rural em pauta: perspectivas e desafios para o Brasil

  • 9/ abril / 2025
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Seguro rural em pauta: perspectivas e desafios para o Brasil

Futuro do setor é destaque no XVIII Congresso Internacional da ALASA, em Brasília

Por Tany Souza
 

O seguro rural é peça chave do desenvolvimento do mercado agropecuário. Nos últimos dez anos, as seguradoras pagaram R$ 40 bilhões indenizações, reduzindo a vulnerabilidade dos produtores e garantindo a sustentabilidade do agronegócio. Segundo levantamento da CNseg (Confederação Nacional das Seguradoras), os R$ 4,2 bilhões pagos em 2024 representaram um aumento de cerca de 150% sobre 2015.

A evolução deste mercado e a atuação das entidades foram debatidas no painel: “O papel das associações na resiliência do agro”, que aconteceu nesta quarta-feira (9), segundo dia do Congresso ALASA 2025, o maior evento da América Latina dedicado ao setor, que acontece até amanhã, em Brasília, e conta com apoio institucional da CNseg e da Federação Nacional de Seguros Gerais (FenSeg).

“O painel abordou o papel das associações em diferentes países que operam com seguros agrícolas. É importante conhecer e dividir experiências de atuação. No caso da Comissão de Seguro Rural da FenSeg, temos um espaço a preencher, uma vez que contamos com todas as seguradoras do Brasil, as quais operam com diversos produtos e diferentes modelos de negócios”, avalia Glaucio Toyama, presidente da Comissão de Seguro Rural da FenSeg.

Outro tema abordado foi o orçamento federal aprovado para este ano para o Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR), de R$ 1,06 bilhão, que a FenSeg já sinalizou ser insuficiente. “Seria necessário dobrar esse valor para atender a toda a demanda por seguro rural no país. A Fenseg tem buscado alertar o governo quanto à necessidade de aporte adicional de recursos”, diz. Outro ponto, acrescenta ele, é a troca de experiências na gestão dos riscos climáticos. No Brasil, por exemplo, 60% das indenizações pagas pelo seguro rural decorrem de secas.

Já o painel sob o tema “O futuro do seguro rural no Brasil”, contou com o vice-presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), José Mário Schreiner, que ressaltou a importância do Projeto de Lei 2951/24, de autoria da senadora Tereza Cristina (PP/MS), que propõe o aprimoramento da política de seguro rural no país e a implementação do Fundo de Catástrofe. O texto tramita na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado e tem como relator o senador Jayme Campos.

“O pilar mais importante, no meu ponto de vista, como produtor, é o seguro rural. Se você não o tiver, você não se sustenta. Atualmente muito se discute sobre renegociação e prorrogação de dívidas. É uma situação complexa, tanto para o produtor rural quanto para as entidades. Um exemplo disso é o estado do Rio Grande do Sul que enfrenta sua quinta safra seguida com perdas significativas”, explicou Schreiner.

Shreiner complementou ao dizer que “O seguro precisa ser ampliado, baixar o custo, diminuir o risco, para que a gente possa efetivamente ter um seguro rural eficiente no Brasil. Não é possível sermos essa potência exportadora mundial e não termos ainda um seguro rural eficiente, que muitas vezes está sujeito a contingenciamento por parte do governo”.

Na sua avaliação, o seguro não é um custo, mas um investimento. “É um ativo. Mas é preciso estimular sua contratação para que perpetue por todo o Brasil. Não é obrigar o produtor rural, mas estimulá-lo, com benefícios, a utilizar essa ferramenta de gestão de riscos. Nós buscamos soluções efetivas”. Também participaram dos painéis Gustavo Morales Cobo (Federación de Aseguradores Colombianos), Ignacio Machetti Bermejo (Asociación Internacional de Aseguradoras de la Producción Agrícola e Juan P. Riveroll Sánchez (Asociación Mexicana de Instituciones de Seguros); o presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), deputado Pedro Lupion (PP/PR); o senador Jayme Campos (União/MT); o ex-ministro da Agricultura e professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Roberto Rodrigues; o diretor-geral do Instituto Pensar Agropecuária (IPA), Geraldo Mello; e os deputados federais Arnaldo Jardim (Cidadania/SP) e Alceu Moreira (MDB/RS).

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