13 de December de 2024
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Reflexos da eleição de Trump no mercado brasileiro de agro

  • 13/ novembro / 2024
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Reflexos da eleição de Trump no mercado brasileiro de agro

Benefícios ou sanções podem influenciar todo o cenário

Por Redação

Donald Trump foi eleito e com isso surgem algumas indagações. Além do tema geopolítico e guerras, o que pode influenciar diretamente o Brasil é saber como ele agirá em relação às importações de insumos de agrícolas.

O presidente americano faz algumas promessas como cortar impostos, recuperar indústria e o mercado interno, e endurecer políticas comercias contra a China. Essa guerra comercial teve início em 2018, quando os EUA impuseram tarifas sobre os produtos chineses e, em contrapartida, a política chinesa aplicou impostos sobre produtos agrícolas americanos.

Segundo conta a matéria publicada no site Agrolink, a conjuntura atual favoreceu o Brasil, que se tornou o principal fornecedor de produtos agrícolas para a China, aumentando substancialmente as exportações de itens como soja, milho, carne de frango, celulose, açúcar e café. Contudo, a possibilidade de os Estados Unidos reintroduzirem tarifas sobre produtos agrícolas representa uma ameaça a essa dinâmica de comércio. De acordo com um relatório da National Corn Growers Association (NCGA) e da American Soybean Association (ASA), essa mudança pode trazer perdas de bilhões de dólares aos agricultores americanos.

Ainda segundo o site, entre 2018 e 2019, as exportações agrícolas dos EUA para a China acumularam perdas superiores a US$ 27 bilhões, sendo que 95% desse valor foi resultado direto das tarifas impostas pela China. Caso essas tarifas sejam reintroduzidas, espera-se um impacto ainda maior, principalmente sobre as exportações de soja e milho dos EUA. O Brasil, nesse cenário, precisaria expandir sua produção e exportação para atender à demanda chinesa, o que exerceria maior pressão sobre o setor agrícola nacional. Em resposta, Trump declarou que o agronegócio será tratado de forma semelhante a outros setores, sem intervenções diretas, mas com uma reestruturação do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), o que limitaria as políticas agrícolas vigentes.

Em matéria publicada no site Forbes Agro diz que, se caso o atual presidente cumpra a sua promessa, as importações agrícolas do Brasil para os EUA também podem ser afetadas. Entre 2014 e 2023 essa importação somou US$ 76,7 bilhões em produtos do agro brasileiro, em valores nominais, sendo que US$ 36,7 bilhões ocorreram no primeiro mandato de Trump, entre os anos de 2017 a 2021, segundo dados do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).

O consultor jurídico da Evoinc, Ranieri Genari, alerta para possíveis barreiras alfandegárias impostas aos produtos brasileiros, já que o Brasil se posiciona como um dos principais concorrentes agrícolas dos EUA. “Nosso setor agro compete diretamente com o americano em várias bolsas de commodities, o que pode levar a uma política protecionista nos EUA”, destaca.

As relações diplomáticas entre Brasil e EUA também tendem a passar por um período delicado. Com declarações recentes do governo brasileiro associando Trump a ideologias extremistas, Genari observa que essa postura pode esfriar os laços comerciais e criar obstáculos, principalmente considerando que os EUA são o segundo maior parceiro comercial do Brasil. Em um momento em que as relações dos EUA com a China também podem ser intensificadas, o Brasil deverá monitorar os efeitos de uma possível reorientação da política externa norte-americana, para preservar suas próprias parcerias comerciais e minimizar impactos em setores estratégicos da economia.

Elaine Teixeira, zootecnista e professora da UFSJ, concorda que novas tarifas e barreiras comerciais para produtos brasileiros são uma forma de limitar a concorrência no mercado americano. “Isso teria um impacto direto nas exportações de carne e soja, afetando a rentabilidade dos produtores brasileiros. Esse protecionismo vai impactar, pois haverá aumento de inflação e oscilação da balança comercial”.

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