11 de November de 2025
Colunista - Karen Matieli

Novos mercados para a carne brasileira: oportunidade que exige proteção

  • 22/ setembro / 2025

É necessário que o setor desenvolva novas soluções para nossa pecuária vulnerável

Karen Matieli

O Brasil segue abrindo portas para a carne bovina, suína e de aves. Nos últimos dois anos, centenas de novos mercados foram conquistados em diferentes continentes, ampliando o leque de compradores e diminuindo a dependência de poucos destinos. É uma notícia positiva: significa mais estabilidade e espaço para o crescimento da pecuária nacional.

Mas, junto com a oportunidade, cresce também a responsabilidade. Quanto mais mercados atendemos, maior a exigência com o cuidado da sanidade do rebanho. Quem atua no setor sabe que basta um foco de doença para fechar portas já abertas.

Hoje, o seguro pecuário cobre a vida do animal contra acidentes, doenças, intoxicações e eventos climáticos. Há também previsão para febre aftosa em algumas apólices, desde que contratadas previamente. Mas não existe cobertura ampla para surtos sanitários como EEB, influenza aviária ou PSA.

Na prática, isso significa que o produtor segue exposto financeiramente a perdas que podem ser enormes, mesmo com o seguro convencional. Quem trabalha com pecuária sabe que isso limita a segurança e a previsibilidade da atividade.

É necessário que o seguro pecuário acompanhe a evolução do setor, criando novas coberturas que amparem riscos sanitários amplos e as negociações internacionais como um todo.

Mas há um ponto que precisa ser lembrado: o seguro só funciona quando é massificado. Hoje, menos de 1% do rebanho brasileiro está segurado. Nessa escala, seguradoras e resseguradoras dificilmente assumem riscos maiores. Para que novas coberturas surjam, é preciso que mais produtores busquem proteção, ampliando a massa segurada e permitindo que o setor de seguros avance.

Abrir mercados é conquista. Mantê-los exige mais do que qualidade e biosseguridade: exige ferramentas financeiras modernas, capazes de proteger o produtor e dar confiança ao comércio global. Quem investir em seguro hoje ajuda a construir um mercado mais seguro e sustentável para todos — e a pecuária brasileira, muito a ganhar.