23 de April de 2025
Colunista - Karen Matieli

Seguro Rural: A proteção inteligente para quem produz com alta performance

  • 16/ abril / 2025
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Seguro Rural: A proteção inteligente para quem produz com alta performance

Em um cenário de riscos crescentes, o seguro é um aliado da produtividade e da sustentabilidade

Karen Matieli

Na pecuária moderna, investir em genética deixou de ser diferencial e passou a ser parte fundamental de qualquer projeto produtivo com visão de longo prazo. A seleção criteriosa de matrizes e reprodutores, o uso de biotecnologias como inseminação artificial, FIV e TE, e o acompanhamento técnico especializado têm elevado significativamente os padrões de produtividade, precocidade e qualidade do rebanho brasileiro. Esse avanço é notável e já se reflete nos indicadores zootécnicos e no reconhecimento do mercado. Mas, junto com esse salto tecnológico, vem também um novo tipo de responsabilidade: proteger o que se constrói com tanto esforço.

É nesse ponto que o seguro rural ganha protagonismo. Muitas vezes visto como um custo adicional ou uma precaução exagerada, ele é, na verdade, uma ferramenta de gestão indispensável. Afinal, a realidade da porteira para dentro é desafiadora e cheia de variáveis que fogem ao controle do produtor. Uma seca prolongada, uma doença de rápida disseminação, o furto de um touro de alto valor ou mesmo a oscilação abrupta de mercado podem colocar em risco todo um trabalho de seleção genética construído ao longo de anos. E a pecuária, como sabemos, não permite recomeços fáceis. O tempo perdido dificilmente se recupera.

Tenho observado com atenção propriedades que já incorporaram a gestão de risco à sua rotina. Produtores que tratam o seguro rural com o mesmo zelo com que definem o protocolo sanitário ou escolhem o sêmen da estação. Esses estão um passo à frente. Eles entenderam que o seguro não é um gasto, mas sim um investimento que garante continuidade ao projeto, mesmo diante dos imprevistos. Como reforça o economista e professor da Unicamp, Antonio Márcio Buainain, “o seguro é um instrumento essencial de qualquer estratégia de gestão de risco, e deve assumir um papel cada vez mais importante para a agricultura brasileira e, por conseguinte, para a economia e a sociedade em geral.”

Essa fala traduz o que vemos no campo: o seguro rural deixou de ser uma ferramenta meramente reativa e passou a ser parte da inteligência estratégica da fazenda. Ele protege patrimônio genético, assegura fluxo de caixa, preserva a capacidade de produção e, acima de tudo, dá tempo para que o produtor possa tomar decisões sem estar pressionado pelas perdas. E tempo, em qualquer atividade produtiva, é ativo valioso.

Ao colocar na ponta do lápis, o produtor percebe que o valor pago pelo seguro representa uma fração pequena diante dos prejuízos que ele pode evitar. E mais que isso: passa a entender que proteger o que construiu não é cautela excessiva, é coerência com a realidade de um setor que opera com margens apertadas, ciclos longos e altos riscos climáticos e sanitários.

O Brasil é uma potência quando se fala em produção de alimentos. Esse protagonismo nasce no campo, dentro da porteira, com produtores que não apenas inovam, mas que também se antecipam. Produzir é um dom que o pecuarista brasileiro domina com excelência. Mas proteger o que se produz é uma decisão — e é essa decisão que separa quem apenas sobrevive de quem constrói um legado com solidez.