11 de November de 2025
Seguros

Seguro rural deve ter em 2025 a menor cobertura em quase duas décadas

  • 9/ outubro / 2025

Corte de 42% no orçamento do Programa de Subvenção ao Prêmio preocupa setor e reacende debate sobre sustentabilidade no agro

Por Tany Souza

E hoje, em reportagem divulgada pelo Valor Econômico, a Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg) alertou que o Brasil deve registrar, em 2025, a menor taxa de cobertura de seguro rural dos últimos 19 anos. De acordo com os dados apresentados pela entidade, a taxa atual é de 2,3%, considerando o primeiro semestre do ano — o menor índice desde o início da série histórica, em dezembro de 2006. O recorde positivo havia sido alcançado em 2021, quando o percentual chegou a 16,3%.

Segundo o presidente da CNseg, Dyogo Oliveira, a retração está diretamente relacionada aos cortes no Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR). “A priorização dos recursos precisa ser revista”, afirmou. Em junho, o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) bloqueou R$ 445 milhões do orçamento do PSR para 2025, o equivalente a 42% do volume inicialmente previsto.

O tema foi debatido durante um evento preparatório para a COP30, realizado em Brasília e organizado pela CNseg. De acordo com Guilherme Bastos, coordenador da FGV Agro, o cenário atual é preocupante e coloca em risco até mesmo a segurança alimentar do país. “O seguro rural hoje está muito enfraquecido em termos do apoio que merece ter. Precisamos avançar em cobertura”, declarou.

Durante o encontro, Oliveira destacou que as seguradoras devem assumir papel ativo nas discussões sobre sustentabilidade. “O setor não poderia continuar ausente no debate sobre sustentabilidade. Não há justificativa para isso, porque esse é um dos segmentos mais afetados pelas mudanças climáticas”, disse. Ele também ressaltou que as seguradoras são grandes investidoras da economia real e que parte desses recursos poderia ser direcionada a projetos sustentáveis.

Na abertura do evento, o presidente da COP30, embaixador André Corrêa do Lago, afirmou que o setor segurador tem se mostrado um dos mais sensíveis aos efeitos das mudanças climáticas. “Um setor que sempre foi associado a algo conservador, baseado em estatísticas do passado, é hoje um setor que precisa se reinventar por causa das transformações no clima”, destacou. Segundo o diplomata, as seguradoras também podem contribuir para garantir a atratividade dos investimentos no Brasil e sugerir formas práticas de implementar as medidas discutidas na conferência.

Fonte: Valor Econômico