11 de November de 2025
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Seguro Paramétrico: aplicações, vantagens e desafios no mercado de Seguro Rural

  • 5/ setembro / 2025

Inovação e desafios para o agronegócio

Por Marcos Zimmermann*

O seguro paramétrico vem se consolidando como uma alternativa inovadora ao modelo tradicional, especialmente no setor agro, por oferecer maior agilidade na indenização, uso de tecnologia e possibilidade de customização das coberturas.

Trata-se de uma modalidade em que a indenização é acionada quando parâmetros pré-definidos (índices climáticos ou mercadológicos) são atingidos. Diferente do seguro rural tradicional, não há vistoria in loco. Se chover além do limite pactuado, por exemplo, a apólice é automaticamente acionada.

A modalidade surgiu para mitigar riscos de catástrofes climáticas, como terremotos e furacões, a partir dos anos 1990. Em 2007, foi criada a Caribbean Catastrophe Risk Insurance Facility (CCRIF), primeiro pool multinacional especializado em paramétricos.

No Brasil, o produto começou no setor eólico e chegou ao agro em 2017, com a Swiss Re emitindo a primeira apólice para soja, milho e algodão em MT, MG e BA. Em 2020, o seguro paramétrico passou a contar com subvenção federal de 20% no prêmio. Em 2021, o INMET foi incluído como agente de liquidação em contratos de cacau, resultando no primeiro pagamento de indenização paramétrica no país em 2023.

Aplicações no agro

A cobertura pode atender diversas culturas, como cacau, soja, milho e até vinhedos em Portugal. No Brasil, a soja é exemplo de aplicação, com índices hídricos como gatilhos. O seguro é especialmente relevante diante de eventos extremos, como as enchentes no RS em 2024.
Parâmetros mais usados incluem pluviometria, temperatura, geadas, granizo, ventos, disponibilidade hídrica e até fenômenos como El Niño e La Niña.

  • Agilidade: indenizações mais rápidas e objetivas.
  • Redução de custos: menos burocracia, prêmios mais acessíveis.
  • Customização: possibilidade de coberturas específicas por cultura.
  • Inclusão: pode ampliar acesso a pequenos produtores (84% dos estabelecimentos e 25% da produção de alimentos no Brasil).
  • Seguradoras: redução da assimetria de informação, do risco moral e da seleção adversa, além de maior previsibilidade.
  • Tecnologia: associação com smart contracts em blockchain pode automatizar pagamentos.

Desafios

O maior entrave é o Risco Base, ou seja, a divergência entre o índice usado e a perda real. Há também limitações na cobertura de pragas e doenças, além da necessidade de séries históricas consistentes de dados climáticos. Outro desafio é a baixa compreensão do mercado — produtores e seguradoras ainda precisam de maior capacitação para adotar o modelo em escala.

O seguro paramétrico é um produto promissor para mitigar riscos climáticos e fortalecer o agronegócio brasileiro. Com potencial de ampliar a proteção, sobretudo a pequenos produtores, traz mais rapidez, transparência e previsibilidade. Ainda enfrenta desafios técnicos e culturais, mas, com o avanço das tecnologias de dados e maior aculturamento do setor, tende a ganhar espaço como ferramenta essencial de gestão de riscos.

 

Marcos José Gregory Zimmermann. Graduado em Direito pela Universidade Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS. Pós-Graduado em Direito dos Seguros pela Fundação do Ministério Público – FMP e Especialista (MBA) em contrato de seguros pela Escola Nacional de Seguros – ENS. Advogado inscrito na OAB/RS 80.729 e atuação em consultoria jurídica e contencioso do setor segurador. Membro da Comissão de Direito de Seguros e Previdência Complementar da OAB/RS.