Risco climático subestimado é um dos maiores desafios do setor
- 15/ novembro / 2025
Durante evento, executivos discutiram mudanças do clima e o papel do governo e do mercado segurador
Por Carlos Alberto Pacheco

As drásticas transformações no meio ambiente foram debatidas no CQCS Inovação 2025, em São Paulo. O tema “Mudanças Climáticas — As Oportunidades para o Seguro” reuniu Felipe Aragão, COO da Latin Re, Adiel Avelar, presidente da Copart Brasil, e Reinaldo Marques, superintendente do IRB(P&D), área de Pesquisa e Desenvolvimento do IRB(Re). Todos foram unânimes em ressaltar que as alterações do clima redefinem a percepção de risco, exigindo uma transformação estrutural no mercado de seguros brasileiro.
Contudo, o poder público em todas as suas esferas subestima o risco e não desenvolve, ao menos, políticas de mitigação e adaptação. Segundo Aragão, a subestimação do risco é um dos maiores desafios para o setor. No país, prefeitos, governadores e a própria União ignoram os distúrbios do clima. “Ainda não tivemos uma catástrofe que faça o país enxergar o risco como deveria”, alertou. O dilúvio que se abateu no Rio Grande do Sul, em maio de 2024, parece não ter siso suficiente para esse despertar.
Avelar concordou com o Aragão e lembrou a ausência de um planejamento governamental que contemple ações de proteção à sociedade. “Não existe uma agenda consolidada para discutir risco no Brasil”, reforça. Para ele, é preciso mais engajamento das seguradoras e do corretor ante às ameaças do clima. Enquanto isso, o cidadão fica à mercê da sorte. E reiterou que governo e o setor privado “compartilhem responsabilidades e ampliem a cobertura de seguros em setores vulneráveis às mudanças climáticas”.
Marques, por sua vez, defendeu uma mudança de mentalidade no mercado, com foco em inovação e colaboração, ou seja, deve-se buscar meios de cobrir os riscos e não excluí-los. Nesse caso, o executivo sugeriu o envolvimento do resseguro devido à sua capacidade de cobertura. De um modo geral, Marques propôs uma nova reflexão sobre a atual estrutura do seguro no Brasil. Em suma, as alterações do clima exigem conscientização e união de esforços entre governo, seguradoras e consumidores para proteção da sociedade frente a iminência de grandes intempéries.