Os desafios do clima e das adversidades econômicas
- 19/ maio / 2025
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Para o seguro rural avançar é preciso modernizar o setor. Contudo, neste cenário, produtos de benfeitorias ganham terreno
Por Carlos Alberto Pacheco
A proteção ao homem do campo enfrenta situações que até então não eram previstas no planejamento das seguradoras. É verdade que até hoje discute-se sobre qual volume de recursos deveria ser contemplado no Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR) e sua consequência imediata: a consequente redução da subvenção estatal. Mas há outras questões igualmente graves, que tiram o sono das companhias.
“O seguro rural no Brasil deveria desempenhar um papel indispensável na proteção dos agricultores contra as adversidades climáticas e econômicas, mas enfrenta inúmeros desafios para se tornar efetivo e acessível”, considera Talita Ferrari, diretora de Agro, Health e Química da Wiz Corporate. Em sua análise, a crescente imprevisibilidade do clima (secas, geadas e chuvas excessivas, por exemplo) expõe os produtores a riscos importantes, o que impacta a sua renda e produtividade e aumenta consideravelmente a exposição de risco em programas de crédito rural, e no mercado financeiro, gerando o chamado de efeito cascata.
Embora considere o seguro rural imprescindível na proteção aos riscos climáticos, James Hodge, diretor de agronegócios e construção da WTW, devem ser desenhados produtos sob medida para cada tipo de produtos, considerando suas diferenças – cultura, tamanho da propriedade, tecnologia usada em campo e a região de atuação. “É essencial que esses seguros sejam mais flexíveis, baratos, fáceis de entender e cubram os riscos específicos de cada um”, reforça. Para se atingir esse objetivo, Hodge defende a união de seguradoras, governo, corretores de seguros para uma ação conjunta no uso de inovação e tecnologia.
Talita compartilha da opinião do diretor da WTW: “A modernização do sistema, com processos simplificados e o uso de tecnologias avançadas, é vital para aumentar a adesão ao seguro rural no Brasil”. Quanto aos desafios climáticos, a executiva prega a adoção de políticas “estáveis” e incentivo destas práticas para expandir o setor e proteger o agronegócio ante às intempéries.
Na análise de Hodge, o seguro rural ainda não é perfeito para todos os produtores, embora ao longo dos anos tenha melhorado. Ele cita alguns obstáculos persistentes, além dos distúrbios climáticos, como preço alto dos prêmios, limitação de coberturas, falta de confiança na contratação do seguro por parte do produtor. “A ajuda do governo pode não ser suficiente”, adverte.
As políticas mais maduras nos países desenvolvidos deveriam ser seguidas, segundo Talita. “Nos Estados Unidos, o seguro agrícola é altamente subsidiado e promove uma combinação de seguro e crédito. Já na União Europeia, o modelo combina seguros e subvenções com políticas de sustentabilidade, ao ajudar os agricultores a investir em práticas agrícolas modernas e sustentáveis. E, no Canadá, o modelo é uma mistura de seguro contra catástrofes com programas de estabilidade de renda que promove uma proteção bem ampla e robusta, contemplando também riscos de mercado e clima”, comentou.
Seguro de benfeitorias
A importância do agronegócio brasileiro na economia brasileira, com o visível crescimento nas últimas décadas, se expressa também nos números da Superintendência de Seguros Privados (Susep). Segundo a autarquia, em 2023, os produtos Patrimonial e Penhor Rural, juntos, geraram uma comercialização de R$ 4,3 bilhões. Esse cenário, na avaliação da Porto Seguro, demonstra a relevância do setor e a crescente demanda por soluções de seguro adequadas às necessidades específicas.
A seguradora anunciou recentemente o lançamento de novidades no Seguro Patrimonial e Penhor Rural. As atualizações incluem amparo para danos de geada e congelamento do sistema de placa solar, a extensão da garantia para equipamentos locados ou cedidos a terceiros e melhorias na jornada, facilitando a contratação do seguro.
Entre os destaques, também está a nova cobertura de furto simples para máquinas e equipamentos móveis, que garante a indenização em casos de subtração sem arrombamento ou sinais visíveis de violência. Além disso, os limites para a contratação de benfeitorias foram ampliados, podendo alcançar até R$ 15 milhões, dependendo da atividade agrícola. A cobertura para vidros de máquinas e equipamentos também foi ajustada, com o limite elevado para até R$ 50 mil.
“Com as novidades, reforçamos o nosso compromisso em oferecer soluções completas e inovadoras para o agronegócio brasileiro. A Porto Seguro acredita que a segurança e a tranquilidade dos produtores rurais são fundamentais para o desenvolvimento sustentável do setor”, comenta Marcelo Santana, superintendente PJ de Ramos Elementares e Transportes da Porto Seguro. A companhia lembra ainda que tais soluções possuem alta tecnologia embarcada. Para Seguro Patrimonial e Penhor Rural, a seguradora mobiliza uma rede de mais de 37 mil corretores parceiros.