9 de July de 2025
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Estudo revela que calor extremo é mais letal do que enchentes, terremotos e furacões somados

  • 13/ junho / 2025
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Estudo revela que calor extremo é mais letal do que enchentes, terremotos e furacões somados

O último relatório SONAR da Swiss Re examina riscos estruturais emergentes, entre eles um número crescente de incidentes relacionados à inteligência artificial (IA) e a diminuição da confiança nas instituições

Por Redação

Até meio milhão de pessoas sucumbem globalmente devido aos efeitos do calor extremo a cada ano, de acordo com pesquisas científicas recentes. Esse número excede o impacto combinado de inundações, terremotos e furacões, colocando os eventos causados pelo calor extremo entre os riscos emergentes mais importantes, segundo o relatório SONAR 2025 da Swiss Re. O estudo destaca como esse perigo vai além do custo humano, mapeando seus efeitos em setores como o de energia e telecomunicações.

“O calor extremo costuma ser considerado o ‘perigo invisível’ por seus impactos não serem tão óbvios quanto os de outros perigos naturais”, afirma Jérôme Haegeli, Swiss Re’s Group Chief Economist. “Com uma clara tendência a ondas de calor mais longas e quentes, é importante dar visibilidade ao verdadeiro impacto sobre os custos reais para a vida humana, economia, infraestrutura, agricultura e sistema de saúde.”

Há evidências claras de que os eventos de calor extremo estão se tornando mais severos, frequentes e duradouros. Julho de 2024 registrou os três dias mais quentes da história. Dados mostram que, desde a década de 1960, as ondas de calor nos EUA são três vezes mais frequentes, quase um grau mais quente e duram um dia a mais.

Eventos de calor extremo têm grande impacto na saúde humana. Dados recentes indicam que cerca de 480 mil mortes por ano são atribuídas a essas ocorrências. O estresse térmico pode causar exaustão, insolação e falência de órgãos, além de agravar doenças cardiovasculares e respiratórias. Idosos e gestantes estão entre os mais vulneráveis.

Impactos além da saúde

Ondas de calor que coincidem com ventos fortes também podem aumentar a probabilidade de incêndios florestais. Segundo o Swiss Re Institute, as perdas seguradas globais causadas por incêndios florestais totalizaram US$ 78,5 bilhões entre 2015 e 2024.

O relatório SONAR revela que diversos setores estão vulneráveis a eventos de calor extremo. Como por exemplo a indústria de telecomunicações, que enfrenta riscos significativos devido à falha de sistemas de resfriamento em data centers ou danos a cabos terrestres.

Os riscos de responsabilidade civil já começaram a surgir, com empresas e instituições enfrentando ações judiciais por não mitigarem danos relacionados ao calor. Em 2021, um processo nos EUA envolveu um autor que exigia US$ 52 bilhões de empresas de combustíveis fósseis por perdas causadas por eventos climáticos extremos resultantes das mudanças climáticas. Dessa forma, espera-se que o calor extremo intensifique a litigiosidade, o que, por sua vez, eleva as demandas de responsabilidade civil para as seguradoras.

Eventos de calor extremo também podem agravar outros riscos emergentes. Entre eles estão riscos novos, como fungos tóxicos (que prosperam em temperaturas mais altas e podem invadir o corpo humano), além de riscos já conhecidos, como a perda de safras e reivindicações de indenização trabalhista por parte de funcionários expostos a condições extremas de calor.

Riscos estruturais emergentes: queda na confiança e aumento de incidentes com IA

Além da análise aprofundada sobre o calor extremo, o relatório SONAR 2025 também aborda uma série de riscos estruturais, como o crescente descrédito nas instituições, tendências de mortalidade e o aumento dos custos com litígios.

O avanço da inteligência artificial, especialmente da IA generativa, tem sido acompanhado por uma elevação nos riscos associados. Há indícios de que o número de incidentes relacionados à IA aumentou em mais de 60% entre 2023 e 2024. Um terço desses casos foi causado por falhas nos sistemas de IA. Uma vez que a indústria de seguros ainda está no início do ciclo de desenvolvimento de produtos voltados a riscos específicos de IA, uma compreensão mais aprofundada dos riscos subjacentes ajudará as seguradoras a definirem coberturas, estabelecer exclusões e padronizar cláusulas contratuais.

Patrick Raaflaub, Chief Risk Officer do grupo Swiss Re, afirma: “Diante de um ambiente de riscos cada vez mais interconectado, as seguradoras precisam ajustar continuamente o escopo do seu horizonte de risco. Entre o aumento do risco de eventos extremos de calor, os riscos emergentes de responsabilidade civil e a mudança no perfil dos riscos associados à IA, é evidente que a conversa deve ir além de temas isolados e considerar como grandes tendências macroeconômicas estão reformulando o cenário de riscos atual.”