3 de December de 2025
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COP30 – “Eu tenho fé de que o seguro rural funcionará no Brasil”

  • 20/ novembro / 2025

Na COP 30, ex-ministro Roberto Rodrigues expõe sua esperança na atuação do setor

Por Tany Souza

O Fórum “O Papel Estratégico do Seguro Agrícola diante da Emergência Climática Global” contou com a abertura do presidente da CNseg, Dyogo Oliveira, e do ex-ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, que comentaram o cenário atual do Seguro Rural diante da mudança climática.

Dyogo Oliveira comentou que a “Ferramenta de Avaliação de Riscos Climáticos (Inundação)”, parte integrante do Hub de Inteligência Climática, desenvolvido e lançado ontem pela entidade, mostrou que, de 2019 a 2024, houve 4.500 eventos climáticos. “Estimamos que, apenas nos últimos três anos, somamos 300 bilhões de reais de prejuízos, sendo que mais da metade desse prejuízo foi no agronegócio. Apesar desse cenário, a participação do seguro rural está caindo, de 16% em 2020 para menos de 6% de área plantada com seguro. A questão da subvenção deve ser prioridade no orçamento do agronegócio brasileiro.”

Na sequência, Roberto Rodrigues enfatizou que a COP30 traz uma característica diferente das anteriores. “Esse evento permitiu ao Brasil mostrar ao mundo que o setor tropical do agro mundial será responsável pelos quatro ‘cavaleiros do apocalipse’, que são a insegurança alimentar, a transição energética justa, a desigualdade social e a questão climática.”

Ele contou que recebeu mais de 50 documentos com sugestões para o progresso do agronegócio brasileiro. “Entre outros dados, esse documento conta a história do agro, com a evolução de um país que há 50 anos importava 30% da comida consumida para, hoje, exportar para 200 países. Não há nada parecido no mundo!”

O ex-ministro reforça que o Brasil precisa ter alguns pilares para fortalecer o seguro rural. “O primeiro é ter estratégia que contemple várias questões da logística; o segundo é ter acordos comerciais, pois precisamos de mercado que compre — na agricultura, a abundância é pior que a escassez. Depois, precisamos de organização e de política de renda no campo, já que a agricultura é uma atividade óbvia de risco. O seguro rural é, de fato, a única instância de estabilidade da renda.”

Nesse momento, Rodrigues aponta fatores que dão esperança quanto à atuação do seguro rural no país. “Penso que, finalmente, a enchente no Rio Grande do Sul abriu os olhos do governo. Porque, se não há seguro, a falta de financiamento quebra todo o ciclo. E o seguro não permite isso. O seguro alivia o governo, que paga todo o sinistro; ou seja, é muito mais barato subsidiar o prêmio do que arcar com as perdas financeiras.”

Para ele, o seguro rural está caminhando para ser esse instrumento de gestão de risco. “Antes de tudo, isso é um ato de fé. Eu acredito que o seguro rural funcionará no Brasil. Eu sou produtor e, como tal, tenho fé de que uma semente plantada irá crescer e produzir. A agricultura é um ato de fé. O seguro é a essência do processo.”

Ele ainda enfatiza: “Tenho certeza de que ainda segurarei um troféu referente ao agro tropical brasileiro, implementando um agro tropical no cinturão do planeta tropical, dando alimento para o mundo inteiro, com transição energética justa, diminuindo a desigualdade social e gerindo a questão climática. Saio desta COP com essa esperança de carregar o troféu da paz, e o seguro rural é essencial para isso.”