4 de December de 2025
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Casa do Seguro assume protagonismo e lança força-tarefa global rumo à COP31

  • 24/ novembro / 2025

Iniciativa coloca Belém como ponto de virada para a liderança do setor securitário na agenda climática mundial

Por Tany Souza

A Casa do Seguro encerrou nesta sexta-feira (21) seu ciclo de debates durante a COP30, em Belém (PA), consolidando-se como o novo polo de articulação climática do mercado segurador. O espaço ganhou relevância ao reunir executivos, governo, academia, sociedade civil e organismos internacionais em torno de uma mensagem direta: sem o setor de seguros liderando a gestão de riscos, o mundo não avança em adaptação e resiliência.

Na abertura, o presidente da CNseg, Dyogo Oliveira, apresentou a proposta mais ousada da conferência: a criação de uma força-tarefa internacional sobre resiliência climática e segurança na transição. Segundo ele, a iniciativa pretende unir seguradoras, cientistas, governos e sociedade civil rumo à COP31, na Turquia, para que o setor “não participe apenas, mas lidere as discussões e ações climáticas no cenário global”. Oliveira reforçou que a Casa do Seguro permitiu consolidar parcerias e ampliar a visão sobre o papel do seguro em toda a economia, afirmando que o setor deixa Belém com um “enorme dever de casa”.

O apelo por coordenação global foi imediatamente endossado por Butch Bacani, chefe de Seguros do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, que alertou que finanças e seguros sustentáveis, sozinhos, não garantem uma economia resiliente. Para Bacani, os riscos, incluindo a savanização da Amazônia, exigem ação conjunta, velocidade e escala.

O último painel da Casa do Seguro, “De Belém à COP31: acelerando e ampliando a ambição e a ação em relação ao clima e à natureza”, reforçou que mitigação, adaptação e resiliência dependem diretamente do mercado segurador. André Andrade, do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, apresentou estudos projetando perdas de R$ 17 trilhões até 2050 em cenário de inação. Já Goret Pereira Paulo, da FGV, destacou que políticas climáticas baseadas em evidências só avançam quando ciência, governo e setor privado trabalham integrados.

A conversa avançou para financiamento climático com Luiz Pires, da ANBIMA, que afirmou que o Brasil já construiu uma base robusta para transformar ideias em realidade – e que não falta capital. O pesquisador Marcelo Behar reforçou que a indústria de seguros será “amortecedor dos limites planetários” e peça central na bioeconomia. Guilherme Bastos, da FGV, destacou a modernidade da agricultura tropical brasileira, enquanto Vitória Santos, do ICS, defendeu que setores verdes exigem instrumentos de seguro mais sofisticados para atrair investimentos.

O papel da Casa do Seguro como articuladora ficou evidente na fala de Ivo Kanashiro, da MAPFRE, que afirmou que o espaço materializou a “responsabilidade comum, porém compartilhada”, mobilizando governo, empresas e comunidades. Para ele, a Casa marcou a transição do discurso para ações concretas e abriu caminho para uma jornada que seguirá até a COP31.

Na perspectiva internacional, Clare Shakya, diretora de Clima da TNC, destacou que a COP30 elevou o nível das discussões e abriu espaço para maior atuação do setor segurador, essencial para destravar investimentos, quantificar riscos e proteger ativos naturais.

Encerrando, a moderadora Cláudia Prates, diretora de Sustentabilidade da CNseg, sintetizou: “Trata-se de um novo mercado que precisa ganhar escala – e o seguro está bem posicionado para viabilizar essa expansão, ao mesmo tempo em que mitiga riscos e amplia a resiliência das mais diversas atividades econômicas”.