15 de November de 2025
Seguros

Brasil tem déficit alarmante na proteção contra catástrofes, alerta Fórum Mário Petrelli

  • 10/ outubro / 2025

Especialista defende integração entre seguradoras, resseguradoras e mercado de capitais para reduzir o abismo de cobertura diante de desastres naturais

Por Tany Souza

O Fórum Mário Petrelli de Fomento do Mercado de Seguros, Previdência, Capitalização e Resseguros realizou a primeira edição das “Conversas do Fórum”, um evento aberto à sociedade com o objetivo de apresentar propostas e debates conduzidos pelos 24 membros da entidade. Entre os temas discutidos, o destaque foi a Proteção de Catástrofes, tema que ganhou urgência diante dos recentes desastres climáticos no país.

Durante o painel, Rodrigo Botti, membro do Fórum e Country Head da Lockton, chamou atenção para o enorme atraso do Brasil em relação à proteção securitária contra eventos catastróficos. Ele citou como exemplo a tragédia recente no Rio Grande do Sul, onde o desequilíbrio entre perdas totais e perdas seguradas expôs o tamanho do desafio.

“O gap de proteção, entre a perda total do evento e a perda segurada, em mercados desenvolvidos é de cerca de 30%, ou seja, 70% são seguradas. No Rio Grande do Sul, o gap foi de 95%, com mais de R$ 100 bilhões em perdas e menos de R$ 5 bilhões estavam protegidos pelo seguro”, comparou Botti.

O especialista defendeu a complementação da capacidade das seguradoras e resseguradoras pelo mercado de capitais, modelo já consolidado em economias mais maduras. “Quando se fala em catástrofe lá fora isso é muito importante. A capacidade dos grandes resseguradores não é suficiente para riscos de catástrofes. Mesmo lá fora, risco de catástrofe termina em 70% com os resseguradores e 30% com o mercado de capitais. Aqui no Brasil, depois de um trabalho de quase 10 anos, é permitido desde 2022 complementar a capacidade dos resseguradores com o mercado de capitais estrangeiro e nacional”, explicou.

Como exemplo, ele trouxe o México, como um país vizinho da América Latina, onde há um arcabouço desde 2012, de uma parceria público-privada, que já evoluiu para segunda fase. “E agora, esse ano, já fizeram uma segunda geração desse programa, passando de seguro tradicional para seguro paramétrico. Então, o México já está em segundo ciclo, envolvendo público e privado, seguradoras, resseguradores, corretores e mercados de capitais.”

Segundo Botti, é urgente que a iniciativa privada, seguradores, resseguradores e corretores se unam para construir um arcabouço de compartilhamento de riscos, capaz de ampliar a resiliência nacional frente a eventos climáticos extremos. “É onde o Fórum deveria se concentrar, em como fazer esse compartilhamento de risco efetivo para dar a proteção de catástrofe no Brasil. Temos uma grande oportunidade. É uma ameaça que, se não fizermos nada, alguém fará — e muito provavelmente o que fizerem não será o que a gente quer”, finalizou.