23 de April de 2025
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Ampla proteção no campo

  • 17/ março / 2025
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Aliado na difusão do seguro rural, resseguradoras oferecem suporte importante para o produtor

Por Carlos Alberto Pacheco

Daniel Castillo, vice-presidente de Resseguros do IRB(Re).

Um extenso leque de oportunidades de negócios se descortina no âmbito do seguro rural. O fato é que este mecanismo de proteção no campo cresce de forma regular e consistente – dados da Superintendência de Seguros Privados (Susep) apontam avanço de pouco mais de 12% do seguro rural até novembro de 2024. Este cenário consolida o papel das resseguradoras, empresas que assumem a maior parte do risco das seguradoras.

Levantamento recente do IRB+Inteligência revela a importância de uma proteção ante a riscos que uma companhia não conseguiria absorver. Nos dez primeiros meses de 2024, as seguradoras brasileiras contrataram R$ 22,3 bilhões em resseguros, alta de 5% em relação a igual período de 2023. Só em novembro do ano passado, último mês analisado pelo Boletim IRB+Mercado, o mercado segurador repassou 1,6 bilhão em prêmios para as resseguradoras.

Outro dado relevante: em janeiro de 2024, as companhias contrataram R$ 2,8 bilhões em resseguros, acréscimo de 3,6% em comparação a janeiro de 2023. O valor, segundo a 40ª edição do Boletim IRB+Mercado, é o maior já registrado pela série histórica, iniciada em 2014. A análise, publicada periodicamente pela plataforma do IRB, considera os dados mais recentes divulgados pela Susep.

A transferência do risco à resseguradora pode abranger toda a carteira da companhia ou parte dela, ao proteger sinistros de grande envergadura, como as catástrofes climáticas. A medida contribui na manutenção da saúde financeira das seguradoras. A partir de 2010, o setor de seguros e resseguros tem demonstrado apetite por novidades. Como consequência há o aumento natural da receita. Ainda segundo dados da Susep, em 2024, havia 123 resseguradoras operando no mercado, das quais 13 são locais (empresas constituídas no Brasil), 28 admitidas (empresas sediadas no exterior, com escritório de representação no país) e 82 eventuais (sem escritório no Brasil).

Especialistas avaliam que pouco mais de 10% dos riscos segurados no país têm respaldo no resseguro. Portanto, haveria um grande espaço para crescer em várias frentes do mercado. Na verdade, os players aguardam o momento de competir em igualdade de condições com empresas internacionais, transformando o Brasil em polo ressegurador. No país, há 12 companhias do gênero em atividade no segmento rural.

De um modo geral, há muito o que avançar em relação aos instrumentos de proteção no campo. Senão vejamos: segundo Censo Agropecuário de 2017, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil reunia, na época, cerca de 5 milhões de propriedades rurais, que ocupavam aproximadamente 41% da área total do país. O Ministério da Agricultura informou que em maio de 2024 foram contratadas 21,4 mil apólices de seguro rural com subvenção federal.

A relação acima não estabelece sincronismo por uma razão muito simples: em 2023, apenas 10% da área plantada no Brasil possuía seguro. Um percentual que persiste desde 2016. Nos Estados Unidos, por exemplo, 60% das terras agricultáveis estão protegidas. Há cálculos não confirmados de que em alguns países da União Europeia, esse percentual pode chegar até 80%. Moral da história: o nosso mercado está aquém de um pleno desenvolvimento.

Mutualismo e estabilidade

Damasceno: resseguro desempenha papel crucial

Para explicar a importância do resseguro nesse cenário, é fundamental falar sobre conceitos básicos do seguro, como o mutualismo. “Trata-se de uma das características mais destacadas e importantes do contrato de seguro, pois se baseia na concepção de que é mais fácil suportar coletivamente as consequências danosas dos riscos individuais do que deixar o indivíduo só, isolado e exposto a essas consequências”, comenta Fabio Damasceno, diretor técnico Agro da Mapfre.

Segundo o executivo, da mesma forma que as pessoas ‘dividem’ com a seguradora, o risco a que seus bens estão expostos, a companhia “faz o mesmo processo com as resseguradoras, que recebem parte dos prêmios arrecadados e participam na mesma proporção das indenizações”. Na visão de Damasceno, esse processo pulveriza e dispersa os riscos assumidos pelas seguradoras, garantindo maior segurança no sistema em casos de catástrofes, por exemplo.

“O resseguro desempenha um papel crucial na agricultura, proporcionando estabilidade ao mercado segurador. Isso permite que as seguradoras possam oferecer um seguro agrícola que proteja os agricultores contra eventos climáticos cada vez mais frequentes e imprevisíveis”, acrescenta Cristina Ribeiro, head do Departamento Agrícola Mapfre RE. Devido à intensidade dos riscos, as companhias conseguem assumir apenas pequena parte do negócio – e o resseguro, a maior parte. Ela lembra a seca de 2021, quando o agricultor recuperou parte de suas perdas por meio do seguro, o que garantiu a continuidade de seu negócio e a disponibilidade de crédito para plantar futuras safras.

Stop loss

Já Daniel Castillo, vice-presidente de Resseguros do IRB(Re), reforça que o resseguro permite às seguradoras proteger seu patrimônio, ao oferecer coberturas mais amplas, além de montar portfólios acima do seu limite técnico. “Segundo dados da Susep, as seguradoras cederam, em média, 82% do seu prêmio aos resseguradores no ramo agrícola nos últimos três anos. Ou seja, o mercado segurador retém menos de 20% do risco para esta classe de negócio. Esta retenção ainda pode ser protegida na modalidade stop loss, reduzindo ainda mais a exposição final das seguradoras, explica Castilho.

O vice-presidente ressalta, ainda, que as empresas de resseguro – o que inclui o IRB(Re) – possuem vivência no mercado internacional e podem auxiliar as seguradoras brasileiras a adotarem medidas positivas do exterior, como novos produtos, serviços, estruturas de risco, “além de desenvolver plataformas in-house que também podem ser oferecidas às seguradoras, como modelagem de catástrofe, seleção de riscos e produtos paramétricos”.

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