Seguro rural deve crescer abaixo da inflação em 2026
- 12/ dezembro / 2025
Confederação projeta cobertura de apenas 3% da área cultivada
Por Tany Souza
Segundo projeção divulgada pela CNseg nesta quinta-feira (11), o seguro rural deve crescer apenas 2,3% em 2026 — ritmo abaixo da inflação e considerado um ponto de alerta no setor. De acordo com o presidente da entidade, Dyogo Oliveira, o desempenho limitado é reflexo da inadimplência, que atingiu 11,4% em outubro, e das incertezas sobre o Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR).
Mesmo assim, Dyogo demonstra otimismo em relação à subvenção do próximo ano. “Aprovamos no Congresso, na semana passada, um texto que inclui a subvenção do seguro rural na lista de despesas não contingenciadas. Isso significa que, mesmo que haja cortes orçamentários, essa despesa não poderá ser reduzida. A Lei ainda depende de sanção presidencial, mas cria um cenário mais favorável para o seguro rural”.
Segundo ele, o agronegócio vive uma mudança estrutural de risco. “Durante muito tempo, o grande problema do setor era o crédito. Isso foi discutido e avançou. Hoje há acesso a crédito público e privado. O setor ainda não percebe que o desafio agora é o risco climático, que pode ser mitigado pelo seguro rural. Temos dialogado com todas as bases, e um dos resultados recentes foi a aprovação da LDO incluindo o seguro rural entre as despesas não contingenciadas”.
Em 2025, o PSR deve cobrir 2,2 milhões de hectares — menos de 5% da área agricultável do país. Mesmo com limitações, o cenário representa melhora frente à expectativa para 2025, que apontava queda de 6,4%. Dyogo destaca ainda uma movimentação do governo: “Há dias, o ministro da Agricultura afirmou, em Buenos Aires, que pretende lançar um novo modelo de seguro atrelado ao crédito rural. Ou seja, se o produtor obtiver crédito subsidiado, terá automaticamente o seguro rural”.
Ele também reforça o potencial do seguro paramétrico para expandir a proteção, embora reconheça entraves. “É um instrumento importante porque simplifica o pagamento das indenizações. Mas exige estações meteorológicas muito próximas entre si. Hoje o Brasil tem cerca de 5.500 municípios, 2.000 estações, e apenas 800 funcionam adequadamente. A ideia é excelente; a prática ainda é um desafio”.
Para 2026, Dyogo apresenta dois cenários: “Se o quadro atual continuar, chegaremos a uma cobertura de no máximo 3% da área plantada. Se tivermos R$ 1 bilhão de orçamento não contingenciável, como previsto na LDO, podemos voltar a algo próximo de 7%. Estou otimista. Uma das duas coisas deve acontecer. Mesmo que o governo vete, haverá nova rodada de decisão”.
Mercado segurador: janeiro a setembro de 2025
Nos três primeiros trimestres de 2025, o setor segurador reforçou sua relevância na proteção financeira de famílias e empresas. Quase R$ 200 bilhões foram pagos em indenizações, resgates, benefícios previdenciários e sorteios de capitalização — alta de 9,7% em relação ao mesmo período de 2024, excluindo o segmento de Saúde.
Do lado das receitas, o setor movimentou R$ 313 bilhões até setembro, mas registrou queda de 3,4% na comparação anual, puxada pelo desempenho dos planos de Previdência Aberta. Ainda assim, os demais segmentos mantiveram força e sustentam a expansão do mercado.