11 de November de 2025
Radar

Agro brasileiro prepara posicionamento estratégico para a COP 30

  • 30/ setembro / 2025

Setor apresenta compromissos, práticas sustentáveis e reivindica maior acesso a financiamento climático para consolidar protagonismo internacional

Por Redação

A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), em conjunto com as federações estaduais, elaborou o documento “Agropecuária Brasileira na COP 30”, que será apresentado durante a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, marcada para 10 a 21 de novembro, em Belém. O material reúne os principais compromissos e resultados do setor rural brasileiro em sustentabilidade, evidenciando práticas como o plantio direto, a integração lavoura-pecuária-floresta, a recuperação de áreas degradadas e o uso de bioinsumos.

Ao dar transparência às ações já consolidadas, o documento reforça que a agropecuária é parte da solução para o enfrentamento das mudanças climáticas. O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp), Tirso Meirelles, destacou a necessidade de reposicionar a imagem do agro nacional: “É essencial mostrar ao Brasil e ao mundo como o setor agropecuário é parte vital na construção das soluções para a mitigação dos efeitos das mudanças climáticas. Cada vez mais tecnológico e sustentável, o agro tem sido um dos principais pilares da economia nacional e da preservação ambiental, por entender que a qualidade do solo e dos recursos hídricos, que irá impactar na produção, depende desse cuidado”, frisou.

Financiamento climático como condição essencial

A publicação também aborda o financiamento climático como fator decisivo para viabilizar a transição para uma economia de baixo carbono. A CNA defende maior acesso dos produtores brasileiros a recursos internacionais, com linhas simplificadas, previsíveis e compatíveis com a realidade dos países em desenvolvimento. Esse ponto é central para fortalecer a resiliência climática e permitir a adoção de tecnologias de mitigação e adaptação.

Outro destaque é a ênfase na produção com baixa emissão de carbono, já alinhada às metas globais de descarbonização. O documento lembra que a agropecuária brasileira contribui ativamente para a redução das emissões, seja por meio da adoção de tecnologias inovadoras, seja pelo papel das florestas nativas preservadas nas propriedades rurais — importantes sumidouros de carbono. Essa atuação reforça a legitimidade do setor para acessar mercados internacionais cada vez mais exigentes em sustentabilidade e rastreabilidade.

Desconstruindo narrativas negativas

O texto também trata da necessidade de combater percepções equivocadas que vinculam a agropecuária nacional ao desmatamento ilegal e à degradação ambiental. Dados apresentados pela CNA mostram que os produtores rurais preservam cerca de 33% do território nacional em áreas de vegetação nativa dentro de suas propriedades — um diferencial sem paralelo no cenário internacional.

Essa informação é estratégica para reposicionar a imagem do Brasil em fóruns globais e evitar que políticas ambientais sejam utilizadas como barreiras comerciais disfarçadas contra a produção nacional. Ao reunir evidências técnicas, experiências práticas e políticas públicas já implementadas, o setor demonstra capacidade de dialogar com a sociedade e com os mercados externos de forma transparente e propositiva.

Assim, a presença do agro brasileiro na COP 30 não será apenas defensiva. A estratégia é consolidar o protagonismo do país na agenda climática internacional, demonstrando que é possível construir uma agropecuária produtiva, inclusiva e ambientalmente responsável.