A reunião aconteceu durante o Expert XP e contou com a presença dos governadores e secretários de meio ambiente do Amazonas, Pará, Rondônia, Mato Grosso, Tocantins e Amapá

Por Redação

O ator, empresário e ex-governador da Califórnia, Arnold Schwarzenegger, reencontrou a Força-Tarefa de Governadores pelo Clima e Florestas (GCF Task Force), criada por ele em 2008 e que hoje é a maior rede governamental subnacional do mundo focada em florestas e clima. A reunião, organizada pela Força-Tarefa GCF, juntamente com a boutique financeira BH26 e a XP Investimentos, aconteceu na última sexta–feira (25) durante o evento Expert XP e contou com a participação dos governadores Wilson Lima (Amazonas), Helder Barbalho (Pará), Marcos Rocha (Rondônia), além dos secretários de meio ambiente Mauren Lazzaretti (Mato Grosso), Marcello de Lima Lellis (Tocantins) e Eduardo Taveira (Amazonas). 

Durante o encontro, os governadores e secretários de meio ambiente destacaram a importância da Força-Tarefa GCF na coordenação, definição e implementação de políticas públicas para proteção florestal e desenvolvimento econômico dentro dos estados subnacionais. O objetivo é fortalecer a preservação ambiental ao mesmo tempo em que se desenvolve uma economia de baixo carbono com potencial para promover a igualdade social nos estados da Amazônia – em outras palavras, o avanço de uma Nova Economia Florestal. “Os governos regionais devem ser protagonistas para dar resposta à crise climática. É preciso criar um ecossistema mais justo e fazer com que os recursos cheguem a quem luta para preservar a natureza”, afirmou o governador do Amazonas, Wilson Lima. 

Na mesma linha, o governador do Pará, Helder Barbalho, ressaltou a necessidade de fomentar alternativas econômicas que permitam o desenvolvimento social da região. “O compromisso ambiental só andará se houver também compromisso social. O mundo precisa compreender isso”, disse Barbalho. Já o governador de Rondônia, ressaltou a importância de buscar o equilíbrio entre a preservação e a produção de alimentos no estado. “A população de Rondônia, de 2 milhões de habitantes, deseja essa conciliação”, disse.

Schwarzenegger, por sua vez, lembrou de sua gestão à frente do governo da Califórnia, quando implementou políticas de incentivo a energias renováveis e estabelecimento de metas de redução de emissões. “Na época, fomos o único estado que reduziu a poluição em 25% e ampliamos o uso de energias renováveis significativamente. Isso independente do governo federal”, disse. 

Para o ex-governador da Califórnia, a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima (COP30) deste ano, a ser realizada em Belém, no Pará, é uma oportunidade extraordinária para ampliar a presença dos estados subnacionais nas discussões sobre o clima. “Nós sabemos que temos a responsabilidade de atuar localmente. O poder está nos níveis estadual e municipal. A COP deveria ter um dia dedicado aos governos subnacionais”, disse Schwarzenegger, ao recomendar que esse deve ser um pleito da Força-Tarefa como forma de mobilizar a opinião pública em torno da urgência da agenda climática e do papel estratégico dos governos estaduais. 

O ex-governador da Califórnia também recordou aos presentes o início da mobilização da Força-Tarefa GCF, em 2008, após uma viagem a Manaus. “Lembro que o James Cameron, diretor de cinema, me disse que eu tinha de sobrevoar a floresta e visitar algumas comunidades. Foi uma viagem maravilhosa e muito esclarecedora”, recordou Schwarzenegger. No fim daquele ano, durante a Cúpula de Governadores sobre Mudanças Climáticas, em Los Angeles, na Califórnia, foi lançada a Força-Tarefa GCF com 10 estados-membros, representando governos subnacionais dos Estados Unidos, Brasil e Indonésia. Atualmente, a Força-Tarefa GCF conta com estados de 11 países diferentes presentes, num total de 45 governos subnacionais, abrangendo a totalidade da Amazônia brasileira e peruana, bem como 60% das florestas do México e da Indonésia e 75% da Amazônia boliviana. 

O governador do Amazonas, Wilson Lima, destacou o crescimento da rede da Força-Tarefa do GCF como uma importante ferramenta de engajamento dos estados. “Essa expansão nos levou a criar políticas públicas inovadoras que tratam as florestas não como um obstáculo ao desenvolvimento, mas como uma solução central para a crise climática. Nós acreditamos que a real transformação vem através de cooperação”, afirmou, ao detalhar a meta do Plano de Ação de Manaus, lançado em 2022, com a meta de reduzir o desmatamento em até 80% nos estados-membros da Força-Tarefa GCF.

Em maio deste ano, durante o encontro anual da Força-Tarefa GCF, realizado em Rio Branco, no Acre, a estruturação contínua da Nova Economia Florestal esteve no centro das discussões. Medidas como o combate aos crescentes danos causados por incêndios florestais, parcerias com povos indígenas, redução da pobreza, preocupações com a disseminação do crime organizado em áreas florestais e a necessária manutenção das florestas em pé estiveram presentes tanto em reuniões fechadas quanto em sessões de trabalho públicas. 

Entre as iniciativas lançadas durante a reunião, destaca-se a Carta do Acre, que defende a integração de programas subnacionais jurisdicionais com estratégias nacionais, incluindo o futuro Fundo Floresta Tropical para Sempre (Tropical Forest Forever Facility) do Brasil; a implementação da Rede Global de Parceria para a Bioeconomia, que deverá apresentar parcerias público-privadas pioneiras em toda a Amazônia e obter apoio durante a COP30; e uma parceria entre a Força-Tarefa GCF e a Amazonia+, com financiamento da União Europeia para fomentar o intercâmbio transnacional de experiências locais inovadoras no combate ao desmatamento. 

Ao encerrar o encontro com os governadores brasileiros da Força-Tarefa GCF, Schwarzenegger recomendou que o grupo seja ambicioso em sua abordagem para sensibilizar toda a população. “As pessoas estão cansadas, é preciso criar algo novo e potente. E o Brasil é muito capaz disso, pois possui mentes perspicazes e criativas”, disse o ex-governador da Califórnia.