Descubra as tendências de inovação no agro brasileiro e como as tecnologias impulsionam a eficiência e promovem práticas agrícolas sustentáveis
Por Daniel Duarte*
Em 2023, o Brasil registrou um salto significativo para a inovação do agro ao alcançar 1.953 agtechs – como são chamadas as startups do setor – com atuação no país. A fonte é o Radar Agtech, elaborado pela Embrapa, SP Ventures e a Homo Ludens, que apontou um aumento de 14,7% no número dessas empresas em relação ao ano anterior e, consequentemente, uma crescente oferta de soluções tecnológicas para o campo.
As inovações no agronegócio brasileiro têm se concentrado em tecnologias que visam não apenas aumentar a eficiência operacional, mas também promover a sustentabilidade e integrar-se às tendências globais de mercado.
Segundo os próprios participantes da pesquisa, as principais tendências tecnológicas no setor em 2024 serão a inteligência artificial (IA), a sustentabilidade e a conectividade.
A IA é apontada como a principal tecnologia para este ano devido, justamente, a seu potencial exponencial para otimização de processos agrícolas.
Desde a análise de dados até a automação de tarefas complexas, a técnica já tem transformado a forma como os agricultores conduzem suas atividades no dia a dia até mesmo sem eles se darem conta.
Para se ter ideia, análise preditiva, machine learning, redes neurais artificiais e IA generativa já integram aplicativos, maquinários e sensores, bem como operam para gestão, previsão climática, planejamento logístico, desenvolvimento de produtos e serviços e muitas outras soluções no agro.
Além dela, o foco na sustentabilidade também continuará crescendo, afinal não faz sentido uma nova tecnologia que seja menos eficiente ou mais poluente As inovações vêm sempre de mãos dadas com a sustentabilidade tendo em vista a demanda imperativa de produzir mais com menos impacto.
Por isso, empresas já oferecem e desenvolvem cada vez mais soluções que promovem práticas agrícolas ambientalmente responsáveis a fim de minimizar consequências negativas para o meio ambiente.
A busca por alternativas sustentáveis leva à adoção, por exemplo, de insumos biológicos. Esses produtos empregam organismos vivos para substituir ou se combinar com insumos químicos tradicionais, promovendo uma abordagem mais amigável ao meio ambiente com ganhos de produtividade.
A conectividade é uma outra tendência fundamental no mundo agrícola moderno. Este campo permite, em um primeiro momento, o uso de plataformas de comunicação, gestão digital e até mesmo potencializar soluções já disponibilizadas por dezenas de empresas.
Além disso, a IoT permite a interconexão de dispositivos, proporcionando aos agricultores informações e controle de processos em tempo real sobre suas operações, o que aumenta a eficiência e permite a tomada de decisões a partir de dados.
E claro, não podemos deixar de falar dos marketplaces, que representam uma das inovações mais acessíveis e impactantes para os produtores rurais. A razão é simples.
No caso dos marketplaces, por exemplo, basta uma conexão à internet para verificar ofertas sobre praticamente toda a gama de produtos e serviços necessários à produção agropecuária de centenas de empresas em um mesmo lugar.
Assim, a solução facilita acesso à informação e a comparação sobre produtos, bem como de fornecedores (empresas), seus canais, condições de preço e pagamento. Ou seja, além de muita economia de tempo – cada vez mais precioso, o marketplace promove a digitalização do setor.
Ao abraçar essas tendências, os produtores brasileiros podem potencializar suas operações e aumentar ainda mais a produtividade e a competitividade global do agronegócio brasileiro.
Vale lembrar que o Brasil se destaca justamente como um dos países mais avançados do mundo no setor em termos tecnológicos, com uma evolução notável na adoção de plataformas digitais em todas as regiões do país. Ainda bem.
A inovação e a tecnologia são os melhores caminhos para consolidar ainda mais uma das principais, e talvez a mais importante, vocações do país: abastecer o mundo com alimentos, fibras e combustíveis de forma acessível, segura e sustentável.
Daniel Azevedo Duarte é editor-chefe do Agrofy News Brasil, correspondente de publicações internacionais e diretor da Rede Brasil de Jornalistas Agro (Rede Agrojor). Ele é mestre em Jornalismo (UCM/USP), MBA em Gestão Estratégica do Agronegócio (FGV) e atua como professor em Comunicação no Agro na PUC de Campinas.