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Risco climático eleva potencial do seguro paramétrico no agro

Simulação mostra que indenizações por cheias no Rio Grande do Sul poderiam ser de R$ 130 milhões

Por Globo Rural

O seguro paramétrico, que ainda engatinha no Brasil, considera índices pré-definidos de fenômenos climáticos — volume de chuvas, por exemplo — como base para o cálculo do valor das apólices e também como gatilho para a liberação de indenizações, o que faz do setor agropecuário o principal nicho para esse tipo de cobertura.

Uma nova simulação mostra que essa modalidade de seguro pode ajudar governos municipais e estaduais a reduzirem o impacto de catástrofes naturais, como o ciclone que ocorreu em setembro no Rio Grande do Sul, e diminuir o tempo de resposta das políticas públicas, como o repasse imediato de recursos à população atingida.

A Newe Seguros fez uma simulação de contratação de seguro paramétrico para cobertura contra os danos causados pelo excesso de chuvas no Vale do Taquari, no Rio Grande do Sul, na primeira quinzena do mês passado. Com base em estatísticas de uma estação do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a seguradora avaliou a média histórica de precipitações na região para estimar o momento em que se poderia acionar o seguro, o valor das apólices e também o das indenizações.

Segundo o levantamento da empresa, entre 2013 e 2022, o volume médio de chuvas na área que abrange dez municípios do Vale do Taquari foi de 70 milímetros entre os dias 1 e 14 de setembro, e os picos foram de 159 milímetros em 2014 e de 144 em 2021. Com isso, o gatilho para a apólice entre 1 e 14 de setembro de 2023 seria de 160 milímetros. Se chovesse mais do que esse volume, o sinistro estaria confirmado.

A empresa definiu também um limite máximo, de 360 milímetros. A faixa de indenização seria, portanto, de 200 milímetros. O prêmio — valor que o contratante paga pelo seguro — seria de R$ 32 por habitante. Na simulação, cada milímetro de chuva acima do gatilho geraria indenização de R$ 4, com limite de R$ 800 para cada um dos 225 mil habitantes da região — o valor é similar ao que o governo federal repassou para ajudar com custos de abrigo, alimentação e higiene das pessoas atingidas.

Risco

Nos 14 primeiros dias de setembro, a estação meteorológica do Inmet registrou 303,8 milímetros de chuva no Vale do Taquari, região que abrange os municípios de Arroio do Meio, Colinas, Cruzeiro do Sul, Encantado, Estrela, Imigrante, Lajeado, Muçum, Roca Sales e Teutônia. Só no dia 7, foram 96 milímetros de chuva, ou 36% a mais do que a média do período de 14 dias nos dez anos anteriores.

De acordo com os cálculos da Newe, se alguma instituição, consórcio de prefeituras desses municípios ou os governos do Estado ou federal tivesse contratado o seguro paramétrico com essas condições, teria pago R$ 7,2 milhões em prêmios neste ano. As indenizações, por sua vez, teriam sido de quase R$ 130 milhões.

O valor da indenização considera os R$ 4 pagos para cada um dos 143,8 milímetros que choveu acima do gatilho definido, multiplicado pela população atingida. Com isso, cada habitante receberia R$ 575,20. Se o volume de chuvas nos 14 dias atingisse os 360 milímetros de limite da apólice, a indenização chegaria a R$ 180 milhões, ou R$ 800 por morador.

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