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1º Fórum IRB (P&D) discute sobre riscos climáticos e o impacto no mercado de seguros

Gerenciamento, adaptação e mitigação são essenciais para o setor

Por Redação

Com o tema “Desafios e oportunidades no enfrentamento dos Riscos Climáticos”, o evento, que aconteceu nos dias 11 e 12, reuniu pesquisadores, representantes do setor de seguros e resseguros, startups e membros do setor público. O cerne do evento foi discutir os riscos e as estratégias do mercado para encarar as novas demandas criadas pelas mudanças climáticas.

Ao abrir o encontro, Marcos Falcão, CEO do IRB(Re), destacou a importância de desenvolver o mercado de seguros frente as necessidades impostas pelas questões climáticas. “O risco precisa ser encarado de frente. A nossa missão é pagar sinistro e precificar corretamente para que sejamos perenes e seguros. Isso é gestão de riscos. Vivenciamos, recentemente, eventos extremos no Rio Grande do Sul, quando se notou a discrepância entre as perdas econômicas e seguradas. Já temos uma legislação apropriada que está sendo melhorada e as soluções do mercado que passam pelo princípio da mutualidade, contribuindo com esse progresso e gerenciamento. Mas ainda há muito a ser feito no mercado sobretudo devido aos riscos climáticos que se agravam. O trabalho em conjunto entre o setor público e privado é fundamental nesse objetivo”, disse Falcão.

Em seguida, Dyogo Oliveira, presidente da CNseg, reforçou a importância do setor segurador diante dos riscos climáticos: “Somos a indústria com a melhor capacidade de avaliar riscos, e o setor não pode fugir dos eventos extremos. Precisamos conhecê-los para fazer o gerenciamento de forma apropriada. Para isso, é importante juntarmos esforços no mercado a fim de acumular e trocar conhecimento”.

Já o subsecretário de Reformas Microeconômicas e Regulação Financeira do Ministério da Fazenda, Vinicius Ratton Brandi, ressaltou o desafio de aprofundar o conhecimento. “O debate sobre os riscos climáticos é acadêmico. É preciso unir desenvolvimento e conhecimento, conceitos e técnicas que contribuam, inclusive, com as questões regulatórias. Todos os setores, sobretudo o de seguros, precisam desenvolver ferramentas apropriadas para mitigar os riscos climáticos”.

Paulo Miller, chefe da Coordenação Geral de Estudos e Relações Institucionais da Susep, afirmou que o setor de seguros tem papel importante no incentivo das boas práticas de gerenciamento de risco por parte dos segurados. “Temos que usar a especialização do mercado para propagar o bom gerenciamento dos riscos climáticos. Destaco também a importância em disseminar a educação financeira tanto entre as pessoas quanto no setor público, que tem suas limitações, para ampliar o conhecimento dos instrumentos de proteção existentes no mercado”.

Adaptação e Mitigação dos riscos

Alexandre Leal, diretor Técnico e de Estudos da CNseg e moderador do painel, reforçou a necessidade do aculturamento securitário entre os brasileiros e a maior presença do seguro na mitigação de riscos: “temos o papel fundamental de educar as pessoas para disseminar o conhecimento e a relevância da proteção de seguros, que pode crescer muito mais, assim como os setores, dos títulos verdes e créditos de carbono com a intenção de colaborar com a diminuição dos problemas ambientais. Somente entre 2020 e 2023, 70% das perdas econômicas foram registradas por eventos climáticos”.

André Luiz Campos de Andrade, subsecretário de Planejamento de Longo Prazo do Ministério do Planejamento, disse que o país conta com três gaps para a gestão do risco climático: político, institucional e meios de implementação. “Para combater essas questões, precisamos de atenção e suporte do governo, adequar instituições, processos e instrumentos e dispor de recursos financeiros, técnicos e informacionais, além de capacitar mais profissionais para atuar com riscos. O mercado segurador e ressegurador é importante para debater a Agenda Verde por ser um indutor de boas práticas visando a longevidade da sociedade, por isso precisamos trabalhar em conjunto”, afirmou.

O CEO da Brasilseg, Amauri Vasconcelos, também valorizou a importância da gestão de catástrofes e a necessidade do seguro nessa jornada: “o poder de destruição das calamidades climáticas é muito grande. Vimos isso no Rio Grande do Sul. Há uma diferença enorme entre as perdas econômicas das seguradas. Toda a sociedade é afetada quando não há esse equilíbrio”.

Monitoramento e tecnologia como aliados

Pedro Ivo Mioni Camarinha, do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), analisou as consequências de chuvas atípicas e deslizamentos de terra. Ele reforçou a necessidade de antever esses eventos e buscas formas de mitigar seus impactos: “toda ameaça tem uma probabilidade de acontecer. Precisamos avaliar cuidadosamente exposições, vulnerabilidades e capacidade adaptativa”.

Ana Paula Cunha, do Cemaden, alertou quanto ao aumento de secas e a maior vulnerabilidade na agricultura familiar. “O Norte e Nordeste e toda a área semiárida apresentam alto risco de seca. Monitoramos continuamente esses índices para gerir riscos. A partir dos anos 90, começou o aumento do índice de seca no país e, desde o ano passado, se agrava intensamente se comparado a outros momentos de pico. Isso é um desafio para a agricultura familiar”, disse.

Para Daniela Fuzzo, da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG), compreender como as mudanças climáticas em curso afetam os rendimentos globais das colheitas é vital para a segurança alimentar global: “com o aumento da intensidade de secas é relevante, por exemplo, termos estratégias de irrigação eficientes tendo como auxílio modelos agrometeorológicos. Temos tecnologia e ferramentas que apoiam, mas o tempo e o processamento dos dados são um desafio”.

Minella Alves Martins, do Inpe, explicou a importância dos modelos climáticos como ferramenta para entender os processos físicos, analisar o presente e o passado do clima e projetar possibilidades do futuro. “A modelagem agrícola pode contribuir com o planejamento por antecipar potenciais impactos e riscos na produção permitindo decisões mais assertivas e a otimização das estratégias do setor. E a agricultura de precisão é primordial nesse processo por meio do uso de sensores, fertilizantes mais eficientes e outros”, disse.

O chefe de Divisão de Modelagem Numérica do Sistema Terrestre do Inpe, Saulo Ribeiro, destacou a modelagem computacional como um instrumento relevante para prever eventos climáticos extremos. “Temos desenvolvido modelos de previsão do tempo, por exemplo, que permitem a prevenção de eventos climáticos, como chuvas e tempestades com mais precisão e maior antecedência buscando soluções de evitá-los. Também já criamos modelos para ajudar o setor agropecuário melhorando as safras e auxiliando a Defesa Civil”, afirmou Ribeiro, destacando que a Financiadora de Estudos e Pesquisas (Finep), do governo federal, investirá R$ 200 milhões na compra de um supercomputador para o instituto seguir desenvolvendo projetos de modelagem.

 

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